Digital Natives: Uma Nova Espécie de Ser Humano?

Esta já não é uma pergunta nova. Há já uma década que se tem vindo a discutir esta nova geração de pessoas que nunca viram o mundo desligado, nunca viveram sem internet, sem telemóvel, sem videojogos. Será que são uma espécie verdadeiramente diferente ou estamos perante o tão conhecido “generation gap”?

Infelizmente ainda não é aqui que vai encontrar a resposta.

Há muitos anos que os cientistas, que estudam problemas de aprendizagem, perceberam que se pode auxiliar o cérebro a melhorar a sua performance em determinadas áreas, através de exercícios específicos e repetitivos.

Atividades específicas e repetitivas, realizadas várias vezes ao dia, vários dias por semana, por um período longo de tempo, é exatamente o modo como a geração dos Digital Natives utilizam a tecnologia: desde o dia em que nasceram que usam continua e repetitivamente os videojogos, e-mails, telemóveis… Não será de esperar que existem verdadeiras diferenças nestes cérebros? Que sejam de facto fisicamente diferentes, com capacidades e processos de pensamento diferentes dos das gerações anteriores?

O QUE É DIFERENTE NO CÉREBRO DOS DIGITAL NATIVES?

Algumas diferenças foram já discutidas por diversos autores (Marc Prensky, Don Tapscott, entre outros) e há boas notícias:

  • Melhores capacidades visuais/espaciais
    Esta geração mostra ter maior facilidade em captar e memorizar imagens, em fazer mapas mentais e na representação espacial 3D. Têm até melhor visão periférica.
  • Mais eficácia na distribuição da atenção
    Apesar de terem uma capacidade de concentração mais reduzida, não só são capazes de monitorizar mais plataformas simultaneamente, como têm mais habilidade em analisar informação e em descartar o que não é relevante, ou simplesmente, pouco divertido.
  • Maior capacidade de multitasking
    Os Digital Natives revelam-se mais produtivos na realização de várias tarefas em simultâneo.
  • Preferência pelo raciocínio não-linear
    São especialistas na recolha de informação de vários tipos e de várias origens, que depois utilizam para construir o seu conhecimento (de uma forma parecida com o bricolage). Não só não necessitam, como até os aborrece, que a informação lhes chegue de forma linear e na sequência principio-meio-fim.
  • Preferência por recompensas imediatas
    Esperam feedback e resultado imediato às suas ações. Têm grande falta de paciência para o contrário.
  • Preferência por conhecimento tácito
    Preferem o conhecimento que vive da experiência, da descoberta através da ação. E têm pouca aptidão pela aprendizagem conceptual.
  • Reduzido envolvimento emocional
    O seu envolvimento emocional com o que os rodeia sofre menos altos e baixos. Eles regulam o seu estado de espírito, saltando de plataforma ou atividade mal se aborrecem.
  • Preferência por relacionamento em rede
    Socialmente, não são desadequados ou eremitas. Parece certo que estão mais à vontade com os relacionamentos em rede e online, em detrimento do relacionamento um-a-um e cara a cara (mostram mais dificuldade em perceber as expressões faciais e a linguagem corporal dos outros). Mas têm uma noção diferente de privacidade que os faz gostar de ter uma vida pública, onde partilham muito de si com extrema facilidade.

COM TANTAS DIFERENÇAS, COMO PODEM OS COMUNICADORES, EQUIPADOS COM OS SEUS VELHOS CÉREBROS, FAZER CHEGAR A SUA MENSAGEM DE FORMA EFICAZ?

Não há receitas milagrosas mas algumas pequenas ideias poderão fazer a diferença:

  • Uso de imagem (fotografia, vídeo, cor), sempre.
  • Comunicar de forma curta e muito direta: informação em formato “snack”.
  • Recurso à interatividade, que lhes permita feedback  imediato, seja através de jogos ou simples chats.
  • Criar conhecimento através de vivências e experiências, de ação.
  • Incentivar a partilha de conteúdos, facilitando o seu networking e aumentando o seu envolvimento emocional.

Generation Gap - Digital Natives VS Digital Immigrants

Os Digital Natives são diferentes? Talvez sim.
Uma nova espécie de ser humano? Provavelmente não.
Podem ver o mundo de outra maneira. Decididamente raciocinar de forma diferente. Continuam, todavia, a procurar o conhecimento, a precisar de socializar e de pertencer, e, definitivamente, a querer consumir.

Sofia Henriques
Participante da Academia FLAG de Marketing Digital (2ª Edição Lisboa)
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